Estamos no início de 2023 e a grande maioria dos artigos que falam sobre tendências sociais, comportamentais ou mercadológicas, começam relativizando seu “objeto de análise” com a pandemia, que teve seu início ainda em 2020. E comigo não vai ser diferente.
Desculpe se desapontei pela falta de originalidade.
Mas brincadeiras à parte, é difícil projetar qualquer coisa para o futuro sem olhar para os dois anos que passaram. Mais ainda: sem olhar para as transformações que esses dois anos pandêmicos trouxeram a praticamente todas as esferas de nossas vidas e, claro, do mercado. Ela antecipou muitas transformações que imaginávamos ver em cerca de cinco ou dez anos pra frente – ou até mais.
Das áreas do conhecimento mais tradicionais, o Direito é aquele que parece ter sofrido as transformações mais impactantes. Não porque tenha promovido ou sido alvo de grandes inovações. Mas porque ainda não havia embarcado na massiva digitalização que o mundo embarcou. Sobretudo no Brasil.
O advogado tradicional passou a trabalhar em sistema home-office, realizar reuniões por videoconferência e, o mais importante, protocolar processos digitalmente. Essa foi a grande virada de chave. Março de 2022 marcou o último mês em que foi possível entrar com um processo físico no Brasil. A pandemia transformou o judiciário brasileiro, forçando uma digitalização que já se fazia necessária. Mas, considerando a velocidade da justiça por aqui, levaria cerca de uma década para se consolidar.
Entretanto, o “incremento tecnológico” do direito não fica só na conta da pandemia: o Brasil tem 1,34 milhões de advogados, dos quais, 63% são late millenium ou pertencentes à Geração Z. Isso significa que meio milhão podem ser considerados nativos (ou perto disso) digitais. Ou seja, estranho pra eles é lidar com um judiciário analógico.
Com essa combinação de transformações provocadas pela pandemia e renovação dos profissionais de direito, o mercado oferece um belo flanco para o avanço tecnológico, sobretudo focado em soluções digitais.
Pesquisas realizadas em todo o mundo dão conta de que hoje, um advogado perde em média 50% de seu tempo com tarefas não relacionadas ao direito propriamente dito. E não precisa ser nenhum Steve Jobs para perceber que se tratam de tarefas simples que, ao serem automatizadas, otimizariam a rotina diária desses profissionais, permitindo a captação de novos clientes.
Falando em clientes, a constante revolução digital que vivemos é responsável por outra mudança na área do direito. Essa imposta pelo público. Hoje, quem precisa de um advogado realiza buscas online pelos serviços jurídicos prestados. O advogado então tem mantido presença na internet, cumprindo um papel de educar juridicamente seus futuros clientes, estabelecendo uma relação de confiança, para ser acionado quando necessário. E o que é mais impressionante, podendo advogar para qualquer pessoa, em qualquer lugar do Brasil.
Por esses fatores, enxergo no futuro (quase imediato de 2023) um “bum” em ferramentas que reflitam nas microtarefas realizadas por advogados, otimizando seu tempo e sua produtividade, independentemente do tamanho do seu escritório. Mas, mais do que isso, plataformas capazes de oferecer tudo que um profissional do direito precisa em sua rotina diária e ainda promover seu encontro com o público, através de leeds qualificados, conferindo credibilidade àqueles que não possuem perfil (ou disponibilidade) para construir uma identidade online, saltarão na frente nessa corrida que está só começando.
O mercado do direito ainda tem muito a crescer. A explosão digital ocasionada pela pandemia ainda é pequena perto de tudo que está por vir. Mal comparando, o direito brasileiro (em se tratando de mercado digital) é como uma criança que está aprendendo a caminhar e seus primeiros passos são de corrida, para encontrar o equilíbrio. A digitalização do sistema judiciário, nessa analogia, é aquele empurrãozinho dado pelo pai ou mãe. E enquanto os dois anos de pandemia foram de um andar cambaleante e inseguro, 2023 deve marcar o início de uma caminhada a passos lados no setor. Essa é nossa aposta. Rafael Bagolin CEO da Jusfy
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