A empresa, forte e, por hora, injustamente acusada de "pirâmide financeira", abriu suas portas ao Ministério Público e ao Judiciário brasileiro para que a medida seja aceita o mais brevemente possível. Segundo nossa Constituição, até que haja uma sentença transitada em julgado (que não caiba mais recurso), qualquer pessoa física ou jurídica é considerada inocente, até que o juiz determine culpa. A Fonte Magazine luta sempre contra veículos de comunicação sensacionalistas que divulgam manchetes acusando precipitadamente qualquer pessoa ou empresa.
Muitas são as notícias recentes de empresas que necessitaram recorrer à Recuperação Judicial (RJ), para viabilizar a continuidade de suas operações e evitar que a empresa decrete falência. E muitos também são os motivos para que essas ‘crises contábeis’ aconteçam nessas empresas, seja ela do porte e segmento que for.
Em matérias recentemente divulgadas por alguns canais de imprensa, uma empresa carioca que atua com investimentos em criptomoedas, a RR Consultoria em Investimentos, teria deixado alguns credores, ao longo do ano passado, sem o recebimento de seus rendimentos mensais.
É fato que a pandemia causada pela Covid-19 atingiu em cheio o mercado especulativo, sendo que o de criptoativos foi um dos mais afetados, principalmente pelo risco das operações. Em matéria divulgada em 2021 pela Exame, o medo dos investidores sobre a crise sanitária e, principalmente, novos lockdowns, diminuiu o ‘apetite’ pelo risco e acabou afetando diretamente o mercado das criptomoedas.
“Nosso problema começou após a pandemia. Durante a crise em si, o crescimento foi bastante exponencial, e aproveitamos o bom momento para realizar novos e essenciais investimentos na empresa, sem contar com a brusca queda do mercado de cripto que viria a seguir. Não somente a RR, mas diversas corretoras e consultorias financeiras que atuam com cripto, mundialmente conhecidas e consolidadas, tiveram prejuízos altíssimos por conta dessa volatilidade aumentada pela Covid. Até a FTX, pra se ter uma ideia, a segunda maior corretora do mundo, teve sérias dificuldades financeiras por conta da crise mundial”, explica Rodrigo Reis, fundador e CEO da RR Consultoria em Investimentos.
De acordo com Reis, assim que os credores começaram a enfrentar dificuldades no recebimento, por conta da queda brusca no caixa da empresa, quase que imediatamente iniciaram-se os processos judiciais de cobrança. O grande problema do início dessas ações judiciais, são as medidas cautelares tomadas pelo judiciário, a fim de proteger os bens da empresa para uma eventual liquidação futura dos débitos em questão.
Durante as ações judiciais de cobrança, é comum que a parte autora solicite ao judiciário a penhora, ou seja, a tomada de bens da empresa inadimplente. A partir da decisão do juiz em conceder a penhora, inicia-se o processo de bloqueio de bens móveis, imóveis e, principalmente, contas bancárias da empresa.
“Talvez, com um pouquinho mais de tempo, até conseguíssemos ter resolvido as coisas, feito um acordo extrajudicial com os credores e nos recuperado, na medida em que o mercado também vai se recuperando. Aliás, importante deixar claro que começamos a negociar com os credores, logo no início da nossa crise, mas o volume dos bloqueios judiciais impediram a continuidade. As ações começaram a chegar em peso, logo determinando o bloqueio das contas da RR. Com as contas da empesa, e as minhas, todas bloqueadas, como movimentaríamos os valores para iniciar os pagamentos dos rendimentos? E tudo isso foi se acumulando, tornando a nossa operação completamente inviável”, explica Rodrigo Reis.
A única alternativa viável encontrada pela empresa foi pedir à justiça carioca, uma liminar para início da Recuperação Judicial da RR Investimentos. A Recuperação Judicial é um meio utilizado para evitar que empresas sejam lavadas à falência, sendo permitido, por intermédio da Justiça, que as companhias suspendam e renegociem parte das dívidas acumuladas em período de crise e consiga voltar a operar, com as contas desbloqueadas, retomando o pagamento dos credores.
A medida consiste em ‘convidar’ o judiciário brasileiro para dentro das operações empresariais, oferecendo à justiça e também aos credores um Plano de Recuperação que, se aprovado por 50% desses credores, já pode ser iniciado, permitindo a retomada da empresa em suas atividades e venda de seus ativos conquistados anteriormente, tudo com o objetivo de tornar viável a retomada dos pagamentos das dívidas e manter em pé a operação, que gera empego e movimenta a economia nacional.
Há poucos dias, vimos também a Genesis Capital, um dos maiores bancos de criptomoedas do mundo, também entrou com pedido de Recuperação Judicial na Corte americana, em detrimento da alta queda do mercado de bitcoins, o que demonstra ainda mais a altíssima volatilidade atual do mercado de criptoativos.
Embora os números da RR Investimentos sejam muito menores que da Genesis, que amarga mais de 100 mil credores, em um valor estimado em mais de 3,4 bilhões de dólares, a recuperação judicial permite que, com bastante zelo e de forma bastante técnica, empresas voltem a honrar com seus compromissos perante os credores.
“Muita gente tem falado nas redes sociais que eu sumi, que fugi do país... Nada disso, eu sequer saí do Estado. Tenho estado engajado com o judiciário, nosso corpo jurídico e o pouco do time da RR que restou, para resolver esse problema e voltar a ser a empresa de credibilidade que sempre fomos. Não permitiremos que uma fase de crise arruíne toda a minha história e da RR, erguida em cima de muito trabalho e excelentes resultados, até o início da pandemia.”, desabafou Rodrigo Reis, fundador da RR Investimentos.
Os advogados da RR Investimentos já solicitaram à Justiça carioca celeridade no processo de autorização da Recuperação, por meio de uma liminar, instrumento jurídico utilizado para pedir à justiça maior rapidez na análise do processo, por ser de extrema importância.
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