De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), especialistas consultados para o desenvolvimento do relatório ainda preveem uma alta da Selic em 2023, que deverá estar em 12,50%.
Para quem acredita que essas informações a respeito da Selic, nossa taxa básica de juros, sejam relevantes apenas para aqueles que atuam diretamente no mercado financeiro, nem imagina que essa taxa é a responsável pelo desenvolvimento econômico do nosso país como um todo e, consequentemente, sua alta pode causar grandes desacelerações do PIB (produto interno bruto), o que refletirá, sem sombra de dúvidas, no bolso de todos os brasileiros.
Uma das principais preocupações está relacionada à tomada de crédito de empresas junto aos bancos nacionais, já que a taxa Selic é uma referência para o custo das linhas de crédito em geral. Quando elevada, quase sempre pode-se esperar por créditos, sejam eles empréstimos ou financiamentos, mais caros, por meio do aumento dos juros cobrados pela operação. O movimento contrário também acontece em cadeia – quando da diminuição da taxa de juros, os bancos nacionais tendem a diminuir os juros das operações.
“Crédito e consumo andam lado a lado, portanto, quando os empréstimos ficam com os juros mais elevados, é natural que o poder de consumo também diminua, já que o custo dos serviços e produtos também aumenta. Já do ponto de vista empresarial, o consumidor com seu poder de compra reduzido, tende a não comprar ou comprar menos, impactando diretamente no faturamento da empresa, fazendo com que ela precise recorrer aos bancos nacionais para tomada de crédito a juros altíssimos, quase que inviáveis, e assim o Brasil fica nesta ‘bola de neve’ enquanto temos a Selic alta.”, comenta Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners.
Segundo o especialista, a principal estratégia do governo, para manter a inflação neste patamar por meio da política monetária, é influenciar a quantidade de dinheiro que circula na economia nacional.
“Basicamente, é assim: quanto mais recursos financeiros estiverem disponíveis, maior a tendência das pessoas consumirem. Mas quando elas aumentam a demanda por produtos ou serviços, o que costuma acontecer é a alta dos preços. E é exatamente aí que a Selic entra em ação... quando a economia está aquecida e os preços começam a subir, então o BC eleva a Selic.”, pontua Luciano Bravo.
A alta da taxa acaba por desestimular as operações de crédito, principalmente de empresas brasileiras, que sabem que esta conta ficará muito mais alta ao final. Uma saída ainda pouco conhecida pelo empresário brasileiro, é a tomada de crédito internacional.
Por meio do ACI (Aporte de Capital Internacional), Luciano Bravo explica que as empresas brasileiras podem se ‘desviar’ de todos esses empecilhos impostos pela política monetária do Brasil, e recorrer a investidores estrangeiros, sedentos por aportarem capital nas empresas brasileiras.
“Infelizmente ainda é um mercado pouco conhecido no Brasil. Mas realmente existe um mar de oportunidades fora do país, sem que o empresário precise estar lá fora. Investidores estrangeiros estão sempre dispostos a injetarem capital nas empresas brasileiras, principalmente quando do aumento da Selic, por exemplo, pois já que nacionalmente a tomada de crédito quase que inviabiliza, esse aporte internacional pode ser uma excelente saída para o empresário brasileiro em busca de crédito”, conclui Luciano Bravo.
A meta da inflação, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), é que a Selic seja totalmente previsível, estável e baixa, para ajudar a economia a crescer, reduzindo as incertezas. No entanto, o mercado não acredita que o governo conseguirá cumprir essas metas, já que as inflações anuais anteriormente previstas, tiveram seus índices consideravelmente acima da meta oficial, também de acordo com o Boletim Focus. Com os agentes de mercado perdendo a confiança nessas projeções, a expectativa é que a demanda por captação de crédito internacional cresça nos próximos meses.
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