Alemão Yascha Mounk, crítico de governos populistas, explica que momentos de crise podem servir para sociedades 'aprenderem lições difíceis de serem aprendidas em tempos normais'.
A emergência provocada pelo coronavírus e a reação de governantes como Donald Trump e Jair Bolsonaro — em geral, mais cética às evidências científicas e, no caso do brasileiro, reativa às orientações de isolamento social da população e minimizando o poder destrutivo do vírus — podem enfraquecer modelos populistas nos EUA e no Brasil, opina o acadêmico Yascha Mounk, pesquisador das crises vividas pelas democracias liberais e do populismo, estrutura política da qual é crítico costumaz.
O alemão Mounk é também professor associado de Prática de Assuntos Internacionais na Universidade Johns Hopkins, nos EUA, e autor de livros como O povo contra a democracia - por que nossa liberdade corre perigo e como salvá-la.
Em entrevista à BBC News Brasil, ele opina que a pandemia pode fazer sociedades "aprenderem lições difíeis de serem aprendidas em tempos normais" a respeito dos impactos do desdém de governos populistas à ciência e a instituições democráticas. Em contrapartida, diz ele, o atual momento pode também fortalecer alguns governos populistas de tendências autoritárias, como tem acontecido na Hungria.
"Eu acho que vai haver uma mistura desses dois cenários — em países onde o populismo está mais entrincheirado, essa é a oportunidade de criar ditaduras que vão ser difíceis de desmontar."
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