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Redação

Carta aberta da segurança pública ao presidente Lula: as lições do 8 de janeiro

“A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as demais”. Com essa frase, Winston Churchill define o espírito democrático, com o qual cumprimentamos o novo presidente do Brasil. Democracia sempre!


Ataques de 8 de Janeiro não abalaram a democracia brasileira


Homens e mulheres que não hesitaram, mesmo diante da multidão enfurecida, e cumpriram com bravura o sagrado dever constitucional de eliminar quaisquer distúrbios que ameacem a paz social. Na ação, 44 servidores ficaram feridos.


Hoje assistimos ao trabalho de policiais judiciários e técnico-científicos, que investigam, identificam e prendem responsáveis pelos crimes daquela tarde de domingo, inclusive cortando na própria carne, quando necessário, para investigar outros agentes de segurança supostamente envolvidos. Aos policiais penais cabe o penoso e desafiador trabalho de custodiar quase mil presos, sendo a primeira barreira entre eles e a liberdade à qual perderam o direito.


O ataque à democracia brasileira no 8 de janeiro traz também a nós, agentes da segurança pública, a necessidade de refletir sobre como podemos contribuir, daqui para a frente, para fortalecer o espírito democrático dentro e fora de nossas instituições, como forma de evitar que cenas como aquelas se repitam.


O primeiro grande desafio de 2023 foi enfrentado, e vencido, pelas instituições democráticas brasileiras. O virulento ataque à democracia foi superado, e cabe ao senhor, presidente, liderar a reconstrução de uma nação fraturada politicamente e ansiosa por alimento, moradia, emprego, saúde, educação, cultura e, como objetivo final, a paz.

Nós, entidades representativas de servidores da segurança, nos colocamos à disposição para contribuir na busca pelo Brasil de paz com o qual todos sonhamos, e sugerimos medidas para fortalecer a segurança pública brasileira.


Presidente, esta carta não se presta a negar o óbvio: sempre houve ruídos no relacionamento entre governantes de esquerda e representantes da segurança pública. Ruídos esses que precisam ser analisados com cuidado, já que todos, ainda que com diferenças de pensamentos e métodos, desejam exatamente o mesmo: a paz da sociedade.

É urgente iniciar um diálogo a partir dos pontos em comum que vão ajudar a construir novos consensos, que serão ampliados para a construção do país que desejamos. Um desses pontos em comum é o fortalecimento do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) como medida urgente para proporcionar maior integração entre as diversas instituições de segurança do país, descentralizando recursos e fazendo o Estado presente tanto na metrópole quanto na cidade distante, do chamado “Brasil profundo”.


Outra medida importante é o estabelecimento do Piso Nacional da Segurança Pública, para encerrar as disparidades salariais entre os entes federativos, em que se percebe, de forma rotineira, a incoerente remuneração baixa nos estados mais ricos e violentos; e mais alta em regiões mais pobres. É fundamental envolver as categorias nas discussões salariais e criar uma regra clara e unificada para reforçar os laços de pertencimento desse profissional com o serviço público. O governo que começa precisa tratar as diferenças para que todos possam ser iguais. Não se pode ignorar a necessidade de garantir uma aposentadoria digna aos homens e mulheres que tem no risco à vida a própria profissão.


São mudanças profundas com potencial de melhorar o panorama da segurança no país, e que precisam de estrutura própria, técnica e especializada para seu gerenciamento. Por isso apontamos outra ideia em comum para aumentar a eficiência do serviço prestado ao contribuinte: a recriação do Ministério da Segurança Pública, como ponto central da discussão das políticas de segurança, em atuação transversal com os demais ministérios, sobretudo com o Ministério da Justiça.


Consideramos essencial a recriação do ministério, a ser liderado por quem conheça a rotina das diversas funções policiais, do patrulhamento à investigação, da perícia à custódia de presos.

Nós, profissionais da segurança e representantes de quem faz a segurança pública na prática, das entidades abaixo-assinadas, oferecemos nosso apoio incondicional à construção e ao fortalecimento do Estado Democrático de Direito, onde impere a legalidade, a ordem, a justiça e a paz social.


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